quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Mudam-se os tempos: devemos mudar as vontades





Recomeça….


Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças…


Miguel Torga
P.S.: Imagem: Maternidade de Almada Negreiros

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Correio Económico

Se nos CTT não tiverem conhecimento do Regime Especial que existe para a Guiné-Bissau, ...

http://www2.ctt.pt/fewcm/wcmservlet/ctt/particulares/ofertainternacional/cartasedocumentos/enviosnaourgentes/correioeconom.html


Regime Especial (1)
Até 20g: € 0,30
Mais de 20g a 50g: € 0,50
Mais de 50g a 100g: € 0,55
Mais de 100g a 250g: € 1,25
Mais de 250g a 500g: € 1,25
Mais de 500g a 1000g: € 2,80
Mais de 1000g a 2000g:€ 2,80
(1) Regime Especial: Guiné Bissau, S. Tomé, e Timor Leste

Porque para eles também há Natal...


Tal como as crianças portuguesas, as crianças guineenses também sonham a cores. No entanto, muitas delas não têm meios para os colorir. Para isso contamos contigo.
Somos um grupo de professores portugueses do Ensino Básico a trabalhar na Guiné-Bissau. Fazemos parte de um projecto da Cooperação Portuguesa – Programa de Apoio ao Sistema Educativo da Guiné-Bissau (PASEG). Estamos a trabalhar com crianças que não têm acesso à maioria dos materiais que tantas crianças portuguesas têm em excesso.

Ajudar é fácil! Custa 2,80€ e uma ida aos Correios.
Nos Correios existe uma modalidade de “correio económico”, um regime especial para o envio de encomendas para este país. O peso máximo permitido é de 2 Kg por pacote. Para mais esclarecimentos podes consultar o seguinte endereço: http://www.ctt.pt/

Faça as nossas crianças sorrir com:
- canetas de feltro;
- colas;
- guaches;
- aguarelas;
- lápis de cor;
- lápis de carvão;
- tesouras escolares;
- fita-cola;
- borrachas;
- afias;
- plasticinas;
- ...


Envia o teu sorriso (contributo) para:
Cooperação Portuguesa – PASEG
Ao cuidado do Ensino Básico
Apartado 24 Bissau
Guiné-Bissau

Juntamente com o material, envia-nos o teu e-mail, que nós enviaremos o sorriso prometido.

Passa esta mensagem para que mais crianças possam sorrir!
As crianças da Guiné-Bissau agradecem!


E porque já é Natal...


Um presente inesperado

Chovera toda a noite. As ruas eram autênticas ribeiras, arrastando na enxurrada toda a espécie de detritos. Os carros passando a alta velocidade espalhavam, indiferentes, água suja sobre os transeuntes, molhando-os, sujando-os.
O Tonito seguia também naquela onda humana, sem destino. Tinha-se escapulido da barraca, onde vivia. Os pais tinham saído cedo para o trabalho, ainda ele dormia, os irmãos ficaram por lá brincando, chapinhando na lama que rodeava a barraca. Ele desceu à cidade, onde tudo o deslumbrava. Todo aquele movimento irregular, caótico, frenético. Os automóveis em correrias loucas, as gentes apressadas nos seus afazeres. E lá seguia pequenino, entre a multidão, numa cidade impávida, indiferente, cruel mesmo. Passava em frente às pastelarias, olhava para as montras recheadas de doçuras, ele comera de manhã um bocado de pão duro e bebera um copo de água. Vinha-lhe o aroma agradável dos bolos, o seu pequeno estômago doía-lhe com fome! Chovia agora mansamente, uma chuva gelada, levando uma cidade onde se cruzavam o fausto, a vaidade, o ter tudo, os embrulhos enfeitados das prendas, com a dor a melancolia, o sofrimento, o ter nada e no meio uma criança triste e com fome!
Mas o Tonito gostava era de ver as lojas dos brinquedos. Lá estavam os carros de corrida, o comboio, os bonecos, enfim todo um mundo maravilhoso que ele vivia, esborrachando o nariz sujo contra a montra. Lá dentro ia grande azáfama nas compras de Natal. E os carros de corrida, o comboio, os bonecos eram embrulhados em papéis bonitos para irem fazer a alegria de outros meninos. Uma lágrima descia, marcando-lhe um sulco na sujidade da carita. Eis que os seus olhos reparam num menino, que de lá dentro o olhava. Desviou-se envergonhado. Não gostava que o vissem chorar. E afastou-se devagar, pensando nos meninos que tinham Natal, guloseimas e carros de corrida para brincar. Ele nada tinha, além da fome e a ânsia de ser feliz e viver como os outros. Pensou no Natal, no Menino Jesus, que diziam que era amigo das crianças a quem dá tudo. Por que é que a ele o Jesus Pequenino do presépio nada dava?
De repente, uma mãozinha tocou-lhe no ombro.
Voltou-se assustado. Era o menino da loja que lhe metia na mão um embrulho bonito. À frente a mãe, carregada de embrulhos, fazia de conta que nada via. Abriu-o e deslumbrado viu um carro de corridas, encarnado, brilhante, como os olhos do menino que lá ao longe lhe acenava. Ficou um momento sem saber o que fazer, mas depois largou a correr, mostrando bem alto a sua prenda de Natal.
Parara de chover. O sol tentava romper as nuvens escuras, lançando um raio de luz brilhante e quente sobre o Tonito, que ria feliz, numa carita sulcada pelas lágrimas.

Fernando Sequeira

sábado, 17 de novembro de 2007